[LIVRO] Perdão, Leonard Peacock

Título: Perdão, Leonard Peacock
Título Original: Forgive Me, Leonard Peacock
Editora: Intrínseca
Autor: Matthew Quick
Páginas: 224

Sinopse:

Hoje é o aniversário de Leonard Peacock. Também é o dia em que ele saiu de casa com uma arma na mochila. Porque é hoje que ele vai matar o ex-melhor amigo e depois se suicidar com a P-38 que foi do avô, a pistola do Reich. Mas antes ele quer encontrar e se despedir das quatro pessoas mais importantes de sua vida: Walt, o vizinho obcecado por filmes de Humphrey Bogart; Baback, que estuda na mesma escola que ele e é um virtuose do violino; Lauren, a garota cristã de quem ele gosta, e Herr Silverman, o professor que está agora ensinando à turma sobre o Holocausto. Encontro após encontro, conversando com cada uma dessas pessoas, o jovem ao poucos revela seus segredos, mas o relógio não para: até o fim do dia Leonard estará morto. 
------------------

Uma escrita confusa, uma história que poderia ser previsível e clichês, mas que se torna impactante e marcante de uma forma totalmente inesperada: pronto, está descrito "Perdão, Leonard Peacock". A minha relação de leitura desse livro começa com a estranheza da escrita de Matthew Quick em particular neste livro. Não li "O Lado Bom da Vida" e, portanto, não tinha intimidade com as habilidades e formas de narrativa de Quick. Acontece que nesse livro - procurei saber e é apenas nesse mesmo - Quick faz uso de notas de rodapé para continuar contando detalhes da sua história e isso pode acabar se tornando muito confuso caso não haja atenção à essa forma de edição do texto. Essas notas ultrapassam um página por diversas vezes e, particularmente falando, se torna confuso virar a página sem ter terminado de lê-la e ainda ter de identificar que a continuação daqueles detalhes está ainda na nota de rodapé e não na narrativa contínua da página seguinte.

Falando um pouco sobre a história, inicialmente tudo o que mais chama atenção é a sinopse e eu fiquei receoso de pegar para ler por achar que teria uma carga depressiva ou até mesmo obscura demais, mas como disse, isso seria clichê e Quick consegue trabalhar muito bem e dosar os níveis dos diversos sentimento de Leonard ao longo da história.
"Quando sua cabeça diz uma coisa e toda sua vida diz outra, sua cabeça sempre perde."
Inicialmente a história foi bem massante e eu precisei empurrar para forçar minha leitura. Isso e deve em parte pelo uso exagerado de notas de rodapé, o que na minha opinião quebra o ritmo de leitura, e também à confusão inicial do personagem e que Quick cisma em bater e empurrar para gente. Mas, depois fica bem claro o motivo de ter sido tão falado esse ou aquele detalhe. Então se você, assim como eu, se irritar e achar que Leonard deveria parar de ficar nos lembrando que tem uma arma na mochila e que poderia acabar com tudo e dizendo que vai matar o ex-amigo sem dizer o motivo para isso, apenas relaxe e continue a leitura. Garanto que mais pra frente tudo isso, essa necessidade de demonstrar poder e de trabalhar repetitivamente a ideia de deslocamento e desejo íntimo do personagem, fará sentido e colaborará para o entendimento do livro.

"(...)e talvez você tenha razão, o mundo pode ser, definitivamente, um lugar apavorante"

Quanto à surpresa gerada, tentarei não me alongar para não acabar entregando coisas, mas confesso apenas que fiquei surpreso com o motivo que leva Leonard a querer matar Asher (o ex-melhor amigo) e a premissa inicial que eu havia identificado caiu por terra e deu lugar à algo muito mais profundo e reflexivo.

Quick consegue trabalhar um personagem incrível e com a complexidade de um psicopata, por assim dizer. O final me deixou a desejar, mas foi interessante pois somou ao "não-clichê" da história. Um ponto a ser observado é o título do livro que, ao meu ver, não faz sentido algum (tentei imaginar todas as mil formas que poderia ser incluído na história ou ser explicado como uma metáfora... enfim).
"Minha teoria é a de que perdemos a capacidade de ser feliz à medida que envelhecemos"