[LIVRO X FILME] Morte e Vida de Charlie St. Cloud

Título: Morte e Vida de Charlie St. Cloud
Título Original: The Death and Life of Charlie St. Cloud
Editora: Novo Conceito
Autor: Ben Sherwood
Páginas: 304
Ano do Filme: 2010

Sinopse:

Um coração dividido entre dois mundos. Em uma pacata vila de pescadores da Nova Inglaterra, Charlie St. Cloud cuida dos gramados e monumentos de um antigo cemitério onde seu irmão mais jovem, Sam, está enterrado. Após sobreviver ao acidente de carro que tirou a vida de seu irmão, Charlie recebe um dom extraordinário: ele consegue enxergar, conversar e até mesmo brincar com o espírito de Sam. É neste mundo místico que entra Tess Carroll, uma cativante mulher treinando para navegar sozinha ao redor do mundo em um veleiro. O destino faz com que seu barco seja apanhado por uma violenta tempestade, trazendo-a assim para a vida de Charlie. Sua bela e incomum ligação os leva a uma corrida contra o tempo e a uma escolha entre a vida e a morte, entre o passado e o futuro, entre apegar-se ou deixar o passado para trás – e a descoberta que milagres podem acontecer se nós simplesmente abrirmos nossos corações.
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Eu ganhei esse livro no meu aniversário do ano passado (em outubro) e não tinha lido até hoje. Eis que apareceu a Maratona Literária na minha vida e eu decidi colocar ele entre as minhas metas, visto que era um dos não lidos mais antigos da estante. Finalmente eu li e depois de tanto pensar se deveria, acabei por assistir o filme e agora não adianta: vou ter que comparar ambos. E já vou avisando que vai ser grande e o resultado é decepção.

Primeiro vamos falar sobre o livro e fazer um arremato geral sobre ele (que é a peça principal, visto que o filme é baseado nele). A história não é surpreendente, mas é envolvente do seu jeito particular. Ben Sherwood consegue utilizar de artefatos para que essa temática de mortos entre vivos funcionasse e cumprisse o dever de incentivar o leitor a chegar até o final do livro, a querer descobrir o que acontece com Charlie e Tess e Sam.

A escrita é boa, mas pode se tornar chata ou restrita devido ao uso de termos técnicos que podem ser desconhecidos do leitor (sobre barcos ou sobre um trabalho em um cemitério). Mas, para mim, não atrapalhou em nada. Verdade que existem alguns termos que eu, particularmente, nunca tinha ouvido falar, mas não me ative a isso por não ser um ponto cruciante para a história. E assim é com todos os tais termos técnicos: apenas para adorno.

A capa com essa cena seria muito mais bonita
A Novo Conceito arrasando na edição como sempre. Da qualidade do papel (que é amarelado e folha mais grossa, como a maioria prefere) ao texto limpo e sem erros, passando pela arte de inicio de capítulos e à padronização de capítulos iniciando sempre à direita. Minha única reclamação é quanto à capa, que poderia ser outra. Se é pra ter a capa do filme, poderiam ter utilizado um outro estilo, com menos informações e menos bagunçada.

Ben nos propõe a ideia do famoso "limbo". A ideia de que antes da passagem, ainda ficamos pela Terra após a nossa morte. Até aí tudo bem, um conceito muito disseminado até. Mas ele vai além e nos propõe a mediunidade de Charlie motivada pelo elo emocional que ele possui com o seu irmão. Tudo bem também, outro conceito bastante disseminado. Mas daí a juntar ambos os conceitos fazendo com que Charlie e Tess vivam um amor irreal entre espírito e corpo chega a ser clichê, beirando o ridículo.

Charlie e Tess: Zac Efron e Amanda Crew, no filme
Em determinado momento da história o final se torna óbvio e você começa a pensar em quão clichê tudo aquilo vai ser, mas você continua a leitura esperando estar enganado e se surpreendendo, vez ou outra. E, mesmo já esperando o final, não esperava a forma como ele fora apresentado.

Um livro bom, que não me comoveu a ponto de me fazer chorar e tudo mais, mas bom a ponto de me fazer refletir.




Agora vamos partir para o filme e aqui eu não vou falar necessariamente do filme e sim fazer uma comparação à cenas e fatos que foram trocados, mexidos e simplesmente ignorados. GOSTARIA DE DEIXAR CLARO A PRESENÇA DE SPOILERS, VISTO QUE VOU TER QUE FALAR DO LIVRO PARA CITAR AS DIFERENÇAS. Como sempre, a adaptação cinematográfica não é fiel ao livro e, mirando a quantidade de diferenças que pude perceber, se não fosse pelo título e o nome dos personagens, passaria fácil como outra história. 

Alguns apontamentos aqui são bem assustadores, que mudam a história e o sentido de certas coisas. Outros são coisas minúsculas, mas que para qualquer um que ler e for detalhista, vai perceber e talvez se irritar tanto quanto eu (sim, sou do tipo que pode facilmente se apaixonar pela caracterização do filme SE, e somente SE, ela me convencer. Caso contrário, defendo até o corte de cabelo do livro).

- No livro os irmãos são apaixonados por beisebol e torcem para os Red Sox. No filme eles praticam velejamento e participam de competições em dupla! Aliás, da onde tiraram o interesse e o conhecimento que Charlie possui em velejamento (no filme)?

- Charlie não tem 15 anos na época do acidente, como no livro. E isso é o motivo para a passagem de tempo ser tão diferente. Já que ele não tem 15 anos, não tem porque a passagem de tempo entre o acidente e os dias atuais sejam 13 anos, então no filme se passam apenas 5.

Momento "cadê meu lenço?" parte 1
- Aliás o acidente foi de forma totalmente diferente. Se no livro temos um acidente provocado pela desatenção de Charlie que se deixou levar pela lua que Sam lhe apontara, no filme o acidente é causado por um motorista bêbado que não freia e bate no carro dos rapazes. Aliás, falando em acidente, alguém viu o cachorro da família que também morre no acidente? 

- O Charlie Tahan é bem diferente do Sam que conhecemos no livro. Senti falta dos cachinhos de Sam.

- Tess e Charlie se conhecem da escola e de competições de vela (pelo menos de vista) e já se viram diversas vezes, inclusive numa visita de Tess ao túmulo de seu pai. No livro dá a entender que os dois só se conhecem quando se encontram no cemitério (conhecer, digo, conversar e tudo mais).

- Amanda Crew me passou a imagem de menininha frágil demais. Saudades da Tess durona que enfrentou uma tempestade apenas para testar a vela nova. Aliás, senti falta da cena onde Tess enfrenta a tempestade. Caso essa cena existisse poderíamos ver quão durona ela é.

- No livro Sam permanece com Charlie do pôr-do-sol ao amanhecer. No filme ele fica apenas até o anoitecer.

Momento "cadê meu lenço?" parte 2: último encontro, mudado e chato, entre Charlie e Sam
- O menor dos problemas do filme é o Zac Efron como Charlie, apesar da minha implicância inicial. Não achei que ele tinha características maduras para aparentar 28 anos, afinal estamos falando de alguém que cantava e dançava e tinha aparência de 15 à pouco tempo. Mas acabei por gostar dele como Charlie.

- MEU DEUS, IGNORARAM O COMA DE MESES DA TESS! MEU DEUS!

- Trocaram a cena do último, e mais perfeito, encontro entre Charlie e Sam. 

Vai levar 2 porque tiveram algumas cenas que foram melhor apresentadas no filme e outros acréscimos que me fizeram rir. E também porque Zac Efron conseguiu arrasar com a minha pré-definição de que ele seria um bosta como Charlie.