Título: Todo Dia
Título Original: Every Day
Editora: Galera Record
Autor: David Levithan
Páginas: 280
Sinopse:
"A" acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Depois de 16 anos vivendo assim, A já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir, nem se envolver. Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, todas as suas prioridades mudam, e, conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrar a cada 24 horas, A e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor.
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Faz tempo que a minha lista de leitura só cresce e não para de crescer. Quando chegou a Bienal, ela estava demasiadamente grande e depois do evento, então.... iria piorar. E piorou. Ou melhor dizendo, melhorou (mais livros \o/). Uma das compras de Bienal foi "Todo Dia", o mais novo romance de David Levithan (o segundo livro lançado por aqui onde ele escreve sozinho) que vem causando euforia entre todos os blogueiros literários.
Mesmo tendo comprado ele e sabendo desse burburinho que estava sendo gerado ao seu redor, achei que seria melhor seguir a minha lista de leitura e não pegar os livros de Bienal por agora. Mas acontece que, conversando com o Vitor Mendes, marketing do Grupo Record, ele mandou - na verdade ele meio que me ameaçou - eu ler "Todo Dia". Disse que o livro era muito bom e que deveria pular na frente de todas as minhas leituras. Decidi não ir contra e resolvi ler. Graças à Deus eu dei ouvidos à ele.
Incrível é pouco para exemplificar "Todo Dia". Se antes eu estava na dúvida sobre qual teria sido a melhor leitura do ano (estava entre "Extraordinário" e "Cilada"), agora não me resta dúvida: a melhor leitura do ano é "Todo Dia". E agora, escrevendo essa resenha eu não sei ao certo como falar desse livro, porque a complexidade dele e a confusão deliciosa em que Levithan nos coloca é tanta que acaba se tornando difícil falar sem realmente falar (dar spoilers). Mas eu vou tentar mesmo assim.
Na história acompanhamos a vida de "A".... e isso poderia ser simples, como tantos outros livros fazem. Mas acontece que "A" vive uma vida diferente a cada dia...e ele/ela tem que se acostumar com o seu hospedeiro durante aquele dia e é assim que toda a história decorre. Incrível por completo. Diferente a cada capítulo. Complexo a cada página.
Todos nós nos apegamos à personagens e, isso é fato, uma forma de fazer você gostar ou não de um livro pode ser um personagem, mas a primeira regra para "Todo Dia" é: não se apegue. Tenha noção de que a cada capítulo serão apresentados mais personagens e, com a mesma velocidade em que nos é apresentado, eles somem. Mas isso não quer dizer que são superficiais ou menos importantes. Levithan trabalha tudo com tanta maturidade e importância que cada corpo que A "sequestra" é especial e uma verdadeira lição. Cada um com seu jeito, suas características e suas rotinas. SIM, Levithan não se contenta que A apenas sequestre um corpo, ele desenvolve uma história para cada um, uma lição para todos nós a cada capítulo.
A ideia de Levithan é incrível - sim, eu ainda estou em êxtase pelo livro e repito "incrível" por inúmeras vezes - e cumpre o que pretendia desde o inicio: quebrar preconceitos e dar verdadeiras lições e "tapas" no moralismo das pessoas. Por isso temos corpos como uma garota suicida, a outra que é alcoólatra, o obeso, a negra gostosona, a vadia que fala mal de todo mundo e por aí vai. Uma gama incrível de personagens que, talvez, se trabalhados continuamente ao longo de toda a história acabariam caindo na mesmice e se tornando menos interessantes do que foram por apenas um dia.
O livro é marcado pela escrita impecável de Levithan, - sim, caí de amores por ele e já quero o próximo livro dele que a Galera Record já confirmou - capítulos de tamanho razoável (na média) e pela diversidade de gêneros e histórias. Além do autor, vale ressaltar o trabalho da editora. A capa está sensacional (eu sei que segue o americano e parabenizo a Record por ter mantido isso), graças à Deus não modificaram o título e a diagramação e revisão estão praticamente impecáveis - exceto alguns erros mínimos.
Como se não bastasse uma história inovadora e surpreendente, Levithan ainda nos presenteia com zilhões de quotes perfeitos. Não tenho o costume de usar post-its para marcar trechos de livros (vou começar a fazer isso, falta-me coragem), mas se o tivesse com certeza 80% do livro teria marcação. Frases, ensinamentos e pensamentos que vão te fazer refletir e te transportarão à momentos pessoais.
Apesar de ser um livro rápido e "pequeno", não deve ser devorado!!!! Por favor, não devorem!!!! Você precisa ler e processar tudo o que lê. Não cometa a burrice de ler tudo o mais rápido possível (apesar de você querer, e muito, fazer isso).
Se tudo o que eu disse não te convencer à ler "Todo Dia", saiba que Levithan, nos agradecimentos, fala que três momentos foram decisivos para que ele decidisse escrever este livro: (a) uma conversa com John Green durante a turnê de "Will Grayson, Will Grayson" (aqui no Brasil "Will & Will") (b) uma conversa com Suzanne Collins durante a turnê dela de "A Esperança" (c) quando leu o primeiro capítulo para Billy Merrell. Então, meus amigos, se John Green e Suzanne Collins aprovaram e apoiaram a ideia desse livro, com toda certeza não é algo ruim, não é mesmo?
Mas não se deixe levar por nada do que eu disse aqui. Tais palavras não são suficientes para descrever a grandiosidade e tudo o que "Todo Dia" vai fazer com você. Tudo o que posso dizer, por fim, é que David Levithan me arrebatou de uma forma que poucos autores fazem e que ainda estou meio atordoado, pensando em tudo o que li e imaginando como farei para seguir para uma próxima leitura.
"No fim, acabei aceitando. Percebi que esta era minha vida, e que não havia nada que eu pudesse fazer. Eu não podia nadar contra a maré, por isso decidi nadar com ela."